A língua é um organismo vivo. Variações na pronúncia, no vocabulário e na gramática fazem parte do processo dinâmico que constrói aquilo que falamos rotineiramente. No Brasil, inúmeros são os sotaques que encontramos: o carioca e o chiado, o paulista e suas gírias, o delicioso sotaque nordestino e o falar ‘cantado’ do mineiro são somente alguns dos elementos que compõem esse belo e diversificado mosaico da língua portuguesa. É assim em todas as línguas, então por que seria diferente com o Inglês? Sendo o idioma materno de mais de 60 países, variações no sotaque e na gramática fazem parte da sua constituição, tornando seu aprendizado uma experiência tanto enriquecedora quanto desafiadora para aqueles que estão engajados nesse processo.
O sotaque do norte-americano acaba sendo considerado o padrão ou o mais fácil de se entender, talvez em decorrência da forte influência da cultura americana aqui no Brasil ou da relativa proximidade geográfica entre ambos. Os sons mais abertos e a letra “t” que soa como “r” (parrrrrrtyy!) dão o tom do “americanês”, além de haverem palavras que assumem significados completamente diferentes quando utilizadas para se comunicar com um norte-americano, como por exemplo, usar “fall” e não “autumn” para caracterizar o outono.

Fonte: accentpros.com
Porém não devemos cair em uma generalização. Tal sotaque, comumente associado ao americano por ser utilizado no cinema, televisão e em grande parte das músicas e marcas atuais, é somente um de uma infinidade de variações na fala da língua inglesa dentro do próprio Estados Unidos. Conhecido como GenAm (General American), o “americano comum”, similar ao que geralmente se aprende nos cursos de inglês aqui no Brasil, tem suas origens em Ohio, na região que compõe o “cinturão da ferrugem” e se generalizou em decorrência de as primeiras rádios terem sido criadas nessa localidade. O GenAm, diferente do que muitos pensam, não é homogêneo e forma junto com os sotaques do Texas, do sul da Califórnia, das comunidades latinas e orientais um cenário pluralizado para se comunicar no inglês (e ainda estamos falando somente dos Estados Unidos).
Já o acento britânico, apesar de não utilizar tantas palavras do “old english” quanto o inglês americano, é muitas vezes atrelado a um aspecto mais formal e educado. Na terra da rainha, a fala é marcada pela forte pronúncia da consoante “t” e palavras que terminam com “er” soam como “a” ,de forma que palavras como “mother” são faladas como “mothÁ”. Assistir filmes e séries britânicos, como Downtown Abbey, Harry Potter e o recente MacBeth, cujas falas foram todas escritas em inglês arcaico, é uma boa forma de apurar os ouvidos para essa variação que acaba não sendo tão acessível quanto a norte-americana. Mas assim como os EUA, o Reino Unido também possui variações na fala dentro do seu território de forma que o padrão utilizado por rádios e canais de televisão, como a BBC, conhecido como “Pronúncia Recebida” não é homogêneo.

Algumas diferenças ortográficas no inglês britânico x inglês americano
Na Austrália a história é um pouco diferente. Apesar de ter sido colonizada pelos britânicos o processo de formação da língua inglesa no país sofreu forte influência de fluxos de imigrantes e dos povos locais que habitavam o país antes da colonização, sendo já em 1820 reconhecido como diferente do inglês britânico. A palavra “kangaroo” , por exemplo, é fruto dessa grande mistura linguística. Quanto a fonética, as palavras no inglês australiano são faladas de forma mais anasalada e em algumas delas a sonoridade do “ei” é falada como “ai”. Dessa forma um australiano diria para você “see you mondAI” ou “see you yesterdDAI”. Porém quanto à ortografia o “aussie english” é bastante similar ao britânico mas caso você tenha alguma dúvida pode sempre recorrer ao “Macquarie Dictionary”, o dicionário oficial do inglês australiano.
Eles também são conhecidos por não pronunciarem todas as letras das palavras, principalmente no início e no fim, o que faz com que acabem sendo estereotipados como preguiçosos. Assim como nos Estados Unidos as gírias permeiam a fala diária do pessoal de down under, “bikkie” (biscoitos), “gday”(bom dia) e “ambo” (ambulância) são algumas dessas expressões que desafiam até mesmo o mais avançado dos estudantes aqui no Brasil. Porém ao tentar emular o modo de falar do australiano devemos ter cuidado para não cair em simplificações e estereótipos (é sempre bom lembrar que os australianos não falam como o Crocodilo Dundee). Esse modelo de falar que muitas vezes é reproduzido como se fosse o “proper australian” é conhecido como “bogan”, palavra que descrever alguém que não faz nada da vida além de beber.

Crocodile Dundee, famoso filme de comédia de 1986. Fonte: webzy.net
Percebemos assim que, aprender e compreender a língua inglesa não é algo que ocorre do dia para noite. Experimentar diferentes sotaques e culturas é uma experiência enriquecedora, tanto para seu desenvolvimento linguístico quanto pessoal e é possível desenvolver essa habilidade sem necessariamente arcar com os custos de uma viagem. Aqui na Auding nossos alunos têm a possibilidade de vivenciar um cenário internacional através da escolha de professores de diferentes nacionalidades, desenvolvendo assim sua compreensão e expressão oral. Isso permite conhecer não somente novas variações linguísticas, mas também práticas culturais e sociais de cada indivíduo.
Lembre-se que conhecimento é tudo e ninguém poderá tirar isso de você.